Flipped - Primeiros amores e conselhos para a vida




Este filme está na minha lista dos que vejo quando quero e preciso de chorar (bastante). Não é que seja emocionalmente devastador, porém muitas cenas têm todas as características para fazer o meu coração apertar. 

Provavelmente quando pensam em filmes românticos vem logo à cabeça alguma adaptação de um romance de Nicholas Sparks. Flipped, à primeira vista, não tem nada a ver. Mostra uma história muito simples, sem grandes acontecimentos, mas é a sua pureza e inocência que faz com que esta nostalgia para a pré-adolescência e primeiros amores nos inunda de conforto. 

É um filme muito querido e doce sobre um amor que começou muito cedo e que no início nem o era (pelo menos de uma das partes).  Em 1957, Bryce, que andava no segundo ano, muda-se com a família para uma casa nova. Logo no primeiro dia conhece uma vizinha da sua idade, Juli, e rapidamente percebe que não era o seu tipo de pessoa. Contrariamente, Juli cai perdidamente de amores assim que o vê. 




A rapariga não esconde os seus sentimentos, logo a partir daí, e tenta tornar-se amiga de Bryce na escola. Infelizmente, ele não gostava mesmo nada de Juli, achava-a irritante e uma stalker. Fazia de todos os possíveis para fugir dela. Mais tarde, começa um namoro com uma colega de quem Juli não gosta só para a conseguir afastar dele.

Já mais crescidos, na pré-adolescência, os dois mantêm este relacionamento estranho de amigos (para Juli) não-amigos (para Bryce). Ela continua com a sua grande paixão por ele (que cresceu depois deste ter acabado o relacionamento com a outra rapariga), chegando até a cheirar-lhe o cabelo durante as aulas.





Nesse ano, o avô de Bryce tinha ido viver para casa deles devido ao falecimento da avó. Quando, em vez de passar mais tempo com o neto, começa a ajudar Juli a arranjar o seu quintal, o resto da família não acha muita piada. Contudo, Bryce não liga muito ao assunto (no princípio). 

Este é um dos muitos acontecimentos que fazem com que Bryce comece a olhar para Juli com outros olhos (ainda por cima com os conselhos do avô). No entanto, e ao fim de tantos anos, Juli começa a aperceber-se que afinal Bryce não era quem ela pensava, o que pode prejudicar a paixoneta no rapaz. 

Entre não ajudá-la quando tenta salvar uma árvore que tanto amava, mentir-lhe e deitar os ovos que ela oferece para o lixo, insultar o quintal e a casa onde ela vive e rir de uma piada que um amigo faz sobre a família dela, Bryce demonstra não ser o amigo que ela precisava. 

Mais tarde ele acaba por se redimir, mas durante muito tempo o nosso coração parte-se com o dela. 





O filme tem um formato muito apelativo. Não nos deixa ficar aborrecidos pois está sempre a mudar de perspetiva. Vemos o ponto de vista de Juli ou de Bryce para qualquer situação que involva as duas personagens principais. Dá-nos a oportunidade de perceber melhor as dificuldades das suas famílias e as diferenças entre ambas. 

Compreendemos a angústia e luta de Juli ao tentar salvar a árvore que lhe dá tanta felicidade. Juli inspira os espectadores e creio que todos gostávamos de ser mais como ela. Quase percebemos o porquê de Bryce ser como é, mas, de qualquer forma, ele admite ser idiota, por vezes. Lidamos com os arrependimentos, dúvidas e incertezas desta tenra idade e revemo-nos neles (inevitavelmente). Apesar dos seus defeitos e más decisões, acaba tudo por ficar bem no fim e é muito reconfortante (oops, spoiler). 

É um ótimo filme para ver sozinho ou acompanhado, de dia ou à noite. Acho que o seu encanto nunca morrerá. É perfeito para todas as idades. Ensina imenso sobre julgar as pessoas à primeira vista e a necessidade de abrirmos os horizontes. Às vezes estamos tão focados num pormenor que nos esquecemos de ver o quadro geral. 




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