Midsommar - Tão perturbador que não consegues desviar o olhar

 



    Sou daquelas pessoas que quando se apaixona pelo talento de um ator ou atriz tem a mania que precisa de assistir todos os filmes do seu repertório. Aconteceu-me o mesmo com Florence Pugh. Assisti Little Women (2019) e fiquei completamente encantada. Se ainda não tiveram a oportunidade de a ver atuar, só vos tenho de incentivar a tal. 

    Mas não é por isso que estou aqui (maioritariamente). Nessa minha longa descoberta de filmes, encontrei Midsommar. Como devem estar a pensar "porque raio haveria ela de querer ver um filme de terror se não gosta?" Bem, pode-se dizer que estou a tentar abrir os meus horizontes para este género, aos poucos (também vou admitir que o trailer me chamou à atenção), e achei que o conceito do filme em si merecia uma espreitadela. 





    Começam por mostrar-nos o preciso momento em que a família de Dani (Florence Pugh) falece. A sua irmã era bipolar e, numa noite, descontrola-se e suicida-se inalando gases, os pais também sofrem com os efeitos. Para além da tragédia, percebemos que a sua relação está destruída. Contudo, o namorado, Christian, não consegue simplesmente acabar com ela depois do que se passou. Com convite de um amigo sueco, Chistian e o resto do grupo de amigos decidem fazer uma viagem a um festival em celebração ao solstício de verão, na Suécia. Dani acaba por ir com eles numa tentativa de tentar aliviar a sua depressão. 

    Assim que chegam, apercebem-se de uma diferença geográfica tremenda: está sol durante grande parte do dia. Os amigos, outros que voltaram para assistir ao festival e os respetivos convidados tomam uma droga psicadélica que os deixa num estado de relaxamento total. Durante quanto tempo ninguém sabe, pelo menos o suficiente para Dani ter visões da sua irmã.

    Passado este estado inicial, chegam a uma pequena comunidade numa clareira no meio de uma floresta. Todas as pessoas que ali vivem parecem comportar-se de forma estranha; vivem todos juntos, vestem roupas de cores maioritariamente brancas ou beges e têm várias imagens religiosas perturbantes espalhadas pelas casas em forma de desenhos. Claramente percebem que é um sítio incomum.






    Começam a aparecer provas mais drásticas. A comunidade sueca vive à base de filosofias de vida um bocado duvidosas. Tudo começa num banquete que fazem em honra das duas pessoas mais velhas (72 anos) da comunidade. Acontece que, logo depois do banquete, vão todos em direção a uma zona mais montanhosa e, sem mais nem menos, os dois idosos atiram-se a metros de altura enquanto o público os observa lá em baixo. O grupo de amigos fica em choque, ainda por mais quando o segundo não morre de uma vez e ainda tem de ir um homem com um martelo "acabar o serviço".

    Dani, Christian, os amigos e outros convidados começam a ficar desconfiados com as intenções da seita, mesmo que as mortes às quais foram espectadores tenham sido voluntárias. Aos poucos, um a um, as personagens mais próximas dos principais vão desaparecendo sem deixar rasto e, enquanto estão preocupados (por um lado), também querem ficar e descobrir mais sobre o local (principalmente Christian, para poder escrever sobre eles na sua tese). Será que se safam?






    É um filme de terror folclórico que aborda o perigo dos rituais e do culto exacerbado, ao mesmo tempo que explora as emoções humanas e a forma como lidamos com perdas. É preciso tomar muita atenção para apanhar certos pormenores. De roda de todas as personagens e acontecimentos está a necessidade de controlo, não só da comunidade para com as suas pessoas e outsiders, mas também da própria personagem principal sobre si mesma e a sua vida.

    Pode ser muito nojento por vezes. Apesar de não ter grandes jump scares, não quer dizer que não me tenha feito tapar a cara com as mãos. É louco, perturbador, violento, mas é a sua faceta bizarra que o torna tão irresistível. É quase impossível desviar o olhar.

    Não lhe podemos chamar apenas um filme de terror (tem muitas partes mais cómicas que outra coisa qualquer). Dá um grande contraste com outros filmes do género que normalmente usam o escuro como forma de agravar o ambiente de suspense que nos põe na ponta da cadeira à espera do próximo susto. Aqui, e também por causa dos longos dias suecos, como o sol está mais tempo alto, existe sempre uma claridade. As coisas já não se tornam assustadoras porque estão escondidas, pelo contrário, estão mesmo à vista. 





    Não é como os filmes sobre fantasmas, demónios e possessões. Tem o ar de que poderia ser real, poderia acontecer mesmo. Penso que qualquer grande fã de terror vai conseguir assistir com uma perna às costas e, para quem não costuma ver, pode ser uma primeira experiência, mais que tudo, alucinante. Preparem-se para entrar na mente de um culto e tentar perceber ao certo o que raio se está a passar. E se chegarem ao fim com mais perguntas do que respostas, não se preocupem. Já vi mais de 5 vezes e ainda nem sei. 



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