Vi DARK e Mudou a Minha Vida
Foi graças à minha querida Sabrina (e à sua insistência) que comecei a assistir a melhor série que já vi em toda a minha vida. Não sei como é que demorei tanto tempo para começar. Seja na história, na sua complexidade, nos atores, na produção, na cinematografia, no soundtrack e na abertura, Dark é bem melhor do que se poderia esperar, é uma obra de arte.
Dark é a primeira série original da Netflix na língua alemã. O seu esboço foi criado muito antes da sua aprovação. Foi pensado ao pormenor e é notável por isso mesmo. Não sabia bem do que se tratava, mas prometiam-me que ia ser uma enorme viagem cerebral, completamente alucinante. Tenho de admitir que foi mesmo e ainda bem. Parece que estive anos à procura de algo 100% bem feito e finalmente encontrei. É excelente para amantes de mistérios, viagens no tempo e de uma boa narrativa. Torna-se aliciante. Se, como a minha pessoa, decidirem fazer maratona (recomendo), vão acabar com a ideia de que foi apenas um enorme filme.
Mais tarde nesse dia, o grupo de amigos decide ir até às grutas procurar as drogas que Erik, o desaparecido, terá escondido por lá. Magnus, para não o deixar sozinho em casa, traz o seu irmão mais novo e de Martha, Mikkel. No local, depois de se depararem com Franziska, uma colega que tinha ouvido os planos e decidiu acompanhá-los, ouvem um barulho arrepiante a vir de dentro da gruta e as suas lanternas começam a piscar, tal como todas as luzes da cidade. Passado o choque inicial, começam a fugir. Jonas fica para trás com Mikkel e tenta ajudar o mais novo a correr. Poucos segundos depois perdem-se um do outro e Mikkel nunca mais é visto.
Para onde terá ido? Ou...Para quando? Viajar no tempo é um dos temas centrais de toda a trama. Foi um detalhe que me puxou imediatamente a clicar no play na Netflix. Sem querer dar spoiler, podem contar com uma viagem muito atribulada ao cerne do ser humano. A lei de sobrevivência das personagens está muito presente e é o que motiva todas as suas ações. Está tudo ligado à ilusão de livre arbítrio.
Eles julgam que são livres de escolher, contudo, ao mesmo tempo, o destino faz com que se crie um ciclo vicioso (não só o passado afeta o futuro, o futuro também afeta o passado). As coisas acontecem da maneira que sempre aconteceram, mesmo que tentem mudar. Inconscientemente, acabam por se tornar naquilo que estavam a tentar evitar, embora escolhendo os caminhos na tentativa de quebrar o ciclo.
Para quem ficou confuso com o último parágrafo: exato. E isto foi apenas um breve resumo do enorme nó que agrega todos os acontecimentos, pessoas, decisões e destinos. O todo da série é muito mais complexo e diversificado, faz-nos pensar e questionar tudo o que sabemos da ciência das viagens do tempo, as suas consequências e até o próprio conceito de tempo.
Não sou a pessoa mais atenta do mundo ou a mais inteligente e com maior capacidade de raciocínio, por isso, como devem adivinhar, tive de clicar na pausa várias vezes. Para iniciantes deste mundo intenso alemão, aconselho a fazer exatamente isso. É preciso muita concentração, assistam de cabeça leve e vazia, pronta para encher de teorias, dores de cabeça e a papa em que o vosso cérebro se irá tornar.
Acreditem que se estiverem atentos não é assim tão complicado. Complexo? Sim, bastante. No entanto, a complicação pode ser descomplicada e há um site perfeito para isso, explica cada episódio sem dar spoilers do que ainda está para vir (https://dark.netflix.io/en). Vão ter de estudar muitas árvores genealógicas, mas é tão satisfatório ver as pontas soltas a juntarem-se.
A genialidade da série não vem de ser incompreensível. Na verdade, compreende-se bastante bem. Consegue prender a nossa atenção até ao mínimo detalhe, ficamos a pensar que a coisa mais insignificante tem uma enorme relevância. Serão todos culpados? Em quem é que podemos realmente confiar?
Não há melhor produção para verem sozinhos. Claro, a melhor parte é comentar com amigos que tenham visto e, se não tiverem, acreditem que vão querer partilhar com todas as pessoas que conhecem. Como podem ver, mais tarde até vão agradecer (aposto), sou muito vossa amiga. Vale imenso a pena: são três temporadas perfeitamente organizadas (é dizer pouco), com 8/10 episódios planeados ao detalhe, cada um deles é de chorar por mais. Foi um projeto fantástico, sem dúvida.
Muitas vezes, quando vemos uma série, quase parece que certas cenas ou episódios, ou temporadas até, foram forçados. Aqui não. O nível de planeamento é de tal forma que, apesar de todos os nós mentais, conseguimos perceber o seguimento sem haver nenhum plothole (ponta solta) despropositado. A religião tem um papel simbólico ao longo da história, com a utilização de nomes como Noé, Adão e Eva. Ficaram curiosos? Então vão ter mesmo de assistir. Porque nada acontece por acaso e tudo tem a sua perspetiva em Dark. Acreditem que vão ficar deliciados. E, se ainda não repararam, é uma série mesmo muito dark (sombria).
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